segunda-feira, 7 de outubro de 2013

A Crise do Pensamento Universitário e a Importância do Educador

O que é ser Educador? Será uma profissão? Ou uma missão?
Posso afirmar que sua influência afeta um universo inteiro.
Aí, você me questionaria: “Afetar um universo inteiro?”.
E eu responderia: Sim, um universo inteiro.
No decorrer de nossa história, nós tivemos grandes pensadores e, por consequência, educadores que nos influenciam até hoje na produção do conhecimento. Sócrates, Aristóteles, Santo Agostinho, Leonardo da Vinci, Marx, Maquiavel, Freire são alguns nomes que nos inspiram com ideias, experimentos, ensaios e discussões.
Esse emaranhado de autores eleva o grau do nosso discurso no ensino superior quando deparamos com a seguinte pergunta: “Qual a racional que explica sua prática?”.
Atualmente, em nossas universidades, estamos diante de uma crise de pensamento e fundamento acadêmicos. De acordo com Marcovitch (1998, p.23), “A universidade tem ainda o papel de formar a cidadania. Cabe-lhe, e talvez seja essa a sua principal função, desenvolver a inquietude do ser social".
Ora, se a liberdade de ideias, o discurso e a formação social são a base de sustentação do pensamento acadêmico, por que enfrentamos essa crise? Por que temos profissionais mal formados e mal orientados? Por que os alunos não sabem pesquisar? Por que não sabem refletir?
Diante destes questionamentos, cabe destacar um jargão utilizado em nossas salas de aula: “Quem faz a faculdade é o aluno”. E o cume dessa reflexão partirá desta frase.
Cursar uma graduação é o objetivo de milhões de jovens brasileiros. Mercado disputado, empregabilidade, especialização e globalização são alguns dos termos usados hoje para reforçar a disputa por um lugar ao sol. Nesse ponto, o aluno tem papel fundamental.
Agora, se analisarmos o cenário a partir do momento de seu ingresso na faculdade, sem experiência e cheio de incertezas, estabeleceremos a relação de que não há condições de cobrarmos nada do aluno. E é aqui que o Educador se torna fundamental. Ser Educador não é uma profissão, e sim uma missão.
Mas e o debate? E a formação cultural? Onde ficam os valores do pensamento universitário? O Educador deve, além de reunir qualidades técnicas e experiência profissional, passar aos seus educandos a importância da reflexão crítica.
Ser criativo, instigar a pesquisa, comunicar-se e, principalmente, desenvolver trabalhos que vão além de meras operações técnicas, e tomem o rumo do campo investigativo, pode tornar o Educador a mola mestra no desenvolvimento do aluno dentro da universidade.
Nos dias de hoje, a tecnologia contribui (e muito) para o desenvolvimento didático mais eficaz do que tempos atrás. Por exemplo, por meio de um aparelho celular, o professor consegue sanar dúvidas dos alunos em tempo real, algo inimaginável há vinte anos. Mas isso será suficiente para reestabelecer a consciência perdida no decorrer dos anos?
É muito frequente ouvir de alunos a seguinte frase: “Quero aprender na prática” ou “Estou aqui só por causa do diploma”. Ora, se os problemas são estes, por que, então, cursar o ensino superior? A solução é simples, porém árdua.
O Educador deve basear-se na indagação do início do texto – “Qual a racional que explica sua prática? – e mostrar que, para além dos processos operacionais, existem caminhos alternativos eficazes para a construção do conhecimento por meio da multidisciplinaridade, do autodidatismo, do uso das novas tecnologias, da frequência na biblioteca (é muito mais fácil acessar o Google), de livros, entre outros.
Mais importante do que as questões técnicas são as reflexões em cima de temas que exijam do aluno um mergulho no oceano de possibilidades e soluções e que evidencie a importância da pesquisa e da reflexão para o sucesso na vida pessoal, profissional e acadêmica.
É, vida de Educador não é fácil. Mas é gratificante.
Principalmente, quando a profissão se torna missão.

2 comentários:

  1. Acredito que seja uma das profissões mais importante pois através de um professor surge as informações e o interesse pelo conhecimento, os estudos necessários para se tornar um bom profissional não param nunca, por isso estamos sempre nos atualizando e descobrindo novos caminhos para proporcionar um estudo melhor e mais fácil....

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  2. Parabenizo o ilustre colega Prof. Rafael Souza Coelho pelos artigos:
    A Crise do Pensamento Universitário e a Importância do Educador e
    Plagiar trabalhos acadêmicos é autoenganação.

    Bem escritos e com um posicionamento inserido no contexto atual em que passa a educação neste nosso país.
    Levou-me a refletir: tenho lido dissertações, artigos, teses que fazem referência ao assunto em questão e quase sempre o professor se autoflagela e assume a culpa pela má formação e falta de orientação do aluno. Será mesmo que temos que assumir a nossa incapacidade de formar alunos críticos, cidadãos com a dimensão plena do que significa esta palavra, éticos e cultos?
    O ciclo vicioso aparece da seguinte forma: o professor do ensino superior culpa o professor do ensino médio da má formação do aluno. Esse culpa o professor do ensino fundamental da mesma maneira e o professor do ensino fundamental culpa os professores da pré-escola por não ensinar modelos pedagógicos que facilitem a criatividade, a abstração o desenvolvimento das várias inteligências etc e esses culpam os professores do ensino superior por não terem, durante a sua formação acadêmica, aprendido a serem facilitadores da aprendizagem, culpam seus mestres de "apenas serem transmissores de conteúdos já formatados" não os conduzindo a reflexões.
    Penso que o profissional da Educação quer seja professor, tutor, instrutor, facilitador etc precisa libertar-se desse complexo de culpa, pois, de algum tempo para cá modelos de ensino ditos "progressistas" é que desarticularam o verdadeiro processo de ensino-aprendizagem, contribuindo inclusive para a gradativa perda de autoridade do professor em sala de aula, já soube de casos que foi retirado o tablado da sala de aula para que o professor não se sinta superior aos alunos ou ainda que o professor deve-se nivelar aos alunos na forma de "facilitador" (não na essência, que também sou favorável, mas, em uma visão míope) e não mostrar uma postura autoritária de "detentor do conhecimento", pois, o centro da aprendizagem está no aluno. Concordo que o centro das atenções e a razão de existir de uma instituição de ensino (em todos os níveis) está no aluno sim, porém, o detentor do conhecimento em classe é o professor e nas interações em sala de aula, a palavra final tem que ser do educador SIM!
    Devido a essa perda de autoridade do professor, desde a pré-escola, é que ao chegar no ensino superior, nós educadores nos encontramos em situações adversas como plágios em atividades no AVA e mais agravante ainda, orientação de TCC que tem uma dimensão muito maior onde o professor-orientador tem uma responsabilidade em assinar um projeto que pode comprometer a sua carreira/profissão, caso haja irregularidades. Alunos executam plágios, não seguem normas e "forçam a barra" para que seus trabalhos mal feitos, medíocres em produção acadêmica sejam aprovados de qualquer forma.
    Estou vivenciando isso, porém, tenho certeza que os colegas orientadores de TCC também passam por isso. Conversei com o meu coordenador e expus o problema de forma a informá-lo que poderemos ter retenções em razão da não aprovação dos projetos por parte deste orientador, isto devido a irregularidades.
    É isso, professores não se sintam culpados. Todo círculo acadêmico que tenho a oportunidade de frequentar encontro profissionais vibrantes com a Educação apesar de tudo que evidenciei neste texto e outras coisas mais que não foram foco deste pensamento.
    Precisamos, cada um de nós, continuar sendo o "passarinho da fábula do incêndio que apanhou um dedal e repetidas vezes após enche-lo de água voava alto, despejando a água sobre o incêndio na floresta".
    O incêndio de hoje é a crise da Educação...E nós o passarinho que está fazendo a sua parte.
    Abraço.
    Alberto.

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